Por João Marciano Neto
Joel Caetano é um dos nomes mais relevantes do atual cenário do cinema marginal e independente brasileiro. Exercendo as funções de diretor, roteirista e ator, seu trabalho gira em torno da proposta de realizar bons filmes de gênero como ficção cientifica, suspense e terror com o mínimo de recurso. Vários de seus curtas são premiados, sendo “Gato” (2009), “Estranha” (2011) e “O Assassinato da Mulher Mental” (2010) os principais responsáveis por seu reconhecimento no segmento underground onde constantemente faz parcerias com outros diretores, como Rodrigo Aragão.
Encosto é um curta de sete minutos bem simples, mas com domínio da linguagem do filme de gênero e carregado por um imaginário místico e sobrenatural caracteristicamente brasileiro. Assim como os demais “herdeiros” da Boca do Lixo e de cineastas como José Mojica, o trabalho de Caetano flerta com os filmes estrangeiros comerciais, tanto as grandes produções hollywoodianas quanto os trashes europeus, sem se negar uma marca identitária nacional e ainda cultiva o forte sentimento de importância do storyboard no processo de criação. O storyboard é uma ferramenta muito comum para a decupagem de um filme e a pré-visualização de futuros enquadramentos, nesse caso a influência das histórias em quadrinhos faz com que esta etapa seja bem valorizada e a maioria das vezes seguida à risca pelos cineastas brasileiros underground desde a Boca. Um storyboard bem projetado facilita e agiliza as gravações, o que barateia a produção principalmente para quem trabalha com custos baixíssimos e demasiadas limitações. A melhor forma de confirmar a eficácia do método e um dos caminhos para entender o trabalho de direção é comparar a obra pronta (disponível para visualização AQUI) com o “rascunho” que a antecipou.