CARA GENTE BRANCA

Por Jhefferson Jheksom

Sabe uma daquelas séries que é importantíssimo estar no catálogo de todos (as) e, principalmente, de nós negros? Dear White People (Cara Gente Branca) (2017) é de uma complexidade enorme; ao longo da narrativa, faz qualquer um (a) ficar horas refletindo e anotando cada frasedestaque ao longo da 1ª ou 2ª Temporada.

A série é uma adaptação do filme com o mesmo nome lançado em 2014, mistura drama e sátira para mostrar as tensões raciais na academia de ensino norte-americana. Estreou no Festival de Sundance, levando o prêmio especial do júri para talento revelação e acumulou troféus por onde passou. A obra é escrita e produzido pelo cineasta e ator negro norte americano Justin Simien, o qual foi indicado, pela revista Variety, como m dos 10 diretores merecedores de atenção aquele ano.

Estreado em abril de 2017, a primeira temporada acompanha a trajetória, tensões, conflitos e dualidades de estudantes negros (as) na Universidade de Winchester, centro de ensino composta majoritariamente por estudantes brancos. O trailer de divulgação da série causou reação de uma pequena parcela de assinantes brancos do serviço streaming, que ameaçou cancelar a assinatura por conta da frase de uma mulher negra locutora falando “Cara Gente Branca existe uma lista de fantasias de Halloween que são totalmente aceitáveis para pessoas brancas (pirata, enfermeira, qualquer um dos primeiros 43 presidentes americanos, e o topo da lista de fantasias inaceitáveis eu)” seguida por inúmeras imagens de homens e mulheres brancos com o rosto pintado para parecerem negros. Criticando a festa à fantasia blackface ocorrida na universidade.

Acompanhada de diferentes episódios interconectados com narrativas diversas, a série vem auxiliada com comicidade equilibrada, tensões, crise política, emocional, existencial representadas por cada personagem negro. A diversidade de tons de pele, pensamentos, posturas, ocupação dos espaços de poder, atuação dentro e fora da militância, defesa, autopreservação também problematizam a militância negra, mostrando a complexidade de posturas. Essa demonstração realiza uma quebra na estereotipificação da representação dos (as) negros, que durante anos foram representados de forma episódica, momentânea e pouco digna.

A fotografia é algo que requer muita atenção, a paleta de cor são de tons terrosos, produzindo uma harmonia visual em cada episódio da série, sendo pensado em conjunto com o figurinoa. Algo que também deve ser destacado são os cenários e os planos de fundo que constroem o personagem, a exemplo do Reggie Green (Marque Richardson).

Quando a personagem Joelle Brooks (Ashley Blaine Featherson) falaàs vezes, ser despreocupado e negro é uma revolução ativa” a série cumpre o papel de humanizar os personagens, além de enfocar a solidão da mulher negra e as tensões geradas por essa condição. Aguardando novas abordagens desse universo amplo e inexplorado, porque uma nova temporada vem aí.

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